2 de dezembro de 2008

Aquarelas

Ele não quer ir para o céu. Não sei se não quer ir pro mesmo céu que eu vou ou se não acredita em céu nenhum. Ou se é um homem mal e quer ir a qualquer lugar. Eu quero ir para o céu. E hoje que o céu está especialmente bonito. Despiu-se do azul tradicional e enrubesceu pelos raios do sol poente. Nem as nuvens carrancudas de chuva puderam escapar da linda aquarela pintada pelos raios de sol. O céu está claro, mesmo com nuvens escuras tem traços brancos e cinzas pincelados de rosa e amarelo... e brilha... juro, dá vontade de ir pro céu, de morar lá pra sempre!
Disseram-me que lá não há medos nem sentimentos ruins. Eu tenho tantos medos e tantos sentimentos ruins, uma gama de cores fortes se embassam em meu peito. Ele disse que não quer ir para o céu, mas ele também tem medos. Não como os meus, de menina insegura, indefesa, vulnerável... É um homem, não um menino. Mas tem medo de descobrir, depois de tudo o que viveu, tudo o que lutou, tudo o que abriu mão, que fez escolhas erradas. Viveu bem, não se arrepende, o medo não é bem das escolhas erradas, mas de não ter tempo de refazer o que realmente importa. Se ele pudesse faria tudo de novo e mudaria muitas coisas. É um homem feito, forte, decidido, mas passional. É um bom homem. Eu queria tê-lo no céu junto comigo.

3 comentários:

Henrique Fendrich disse...

Oi moça! Achei esse seu texto brilhante! Cheio de sacadas muito inteligentes, e com um grau de sentimento e sinceridade que sempre me agrada!

Diândria Daia disse...

Obrigada pela visita! Fico lisongeada... Acho essa a crônica mais despretenciosa que fiz até o momento.

Henrique Fendrich disse...

"Disseram-me que lá não há medos nem sentimentos ruins. Eu tenho tantos medos e tantos sentimentos ruins, uma gama de cores fortes se embassam em meu peito."


Adorei essa parte.