7 de dezembro de 2010

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça...

Filha minha, guarde as minhas palavras e conserve dentro de ti os meus mandamentos. Guarde os meus mandamentos e viva; e guarde a minha lei, como a menina dos teus olhos. Amarre-a aos dedos, escreve-a na tábua do seu coração.

Diga à Sabedoria: Você é minha irmã; e ao Entendimento chama seu parente, para te guardarem do homem sedutor, do estranho que lisonjeia com palavras.
Porque da janela da minha casa, por minhas grades, olhando eu, vi entre os simples, descobri entre as jovens uma que era sem juízo, que ia e vinha pela rua junto à esquina do homem estranho e seguia para o caminho da sua casa, à tarde do dia, no crepúsculo, na escuridão da noite, nas trevas.

Eis que o homem lhe saiu ao encontro, com vestes de caçador e malícia no coração. Estava alvoroçado e irriquieto, seus pés não paravam em casa. Foi para fora, e depois para as ruas, nas praças, espreitando por todos os cantos.

Aproximou-se da jovem, e a abraçou e a beijou. Então, com um olhar atrevido, disse:
— Sacrifícios eu tinha que fazer, paguei hoje os meus votos, encerrei meus compromissos. Por isso saí procurando por você. Eu queria encontrá-la, e te achei! Já forrei a minha cama com lençóis de linho colorido do Egito e a perfumei com mirra, aloés e flor de canela.

Venha, embriaguemo-nos com as delícias do amor a noite toda. Passaremos momentos felizes nos braços um do outro. Porque minha mulher não está em casa, saiu de viagem para longe, só volta no dia marcado.

Assim, a seduziu com palavras muito suaves e a persuadiu com as belas palavras dos seus lábios. E ela caiu na sua conversa. Logo o seguiu, como um animal que corre para a armadilha, e como vai o insensato para o castigo das prisões. Até que a flecha lhe atravesse o coração, ou como a ave que se apressa para o laço, sem saber que isto lhe custará a vida.

Agora, minha filha, escute! Preste atenção no que vou lhe dizer. Não deixe que um homem como esse ganhe o seu coração; não ande atrás dele. Pois ele tem sido a desgraça de muitas mulheres e tem causado a morte de tantas, que nem dá para contar.

A casa dele é caminho para a sepultura e desce para as câmaras da morte.
Por Rei Salomão, em Provérbios 7 (adaptado)